“Ninguém
morre virgem, a vida fode com todos nós” – Kurt Cobain
Em Abril deste ano, fez 20 anos da morte de um dos grandes
ícones do rock, Kurt Cobain. Acredito que a muitos já ouviram falar
dele, espero que a maioria, ou da sua banda, o Nirvana, ou pelo menos já ouviram
alguém tocando aquele “tum tum tum tum
turum turum tum tum turum tum tum tum tum” de Came as you are no violão. Para marcar esta data o jornalista
Charles R. Cross, que já havia publicado uma biografia de Kurt cujo título é
“Mais pesado que o céu”, lançou ''Kurt Cobain: A construção do mito'', lançamento
mundial em 2014, e no Brasil publicado pela Editora Nova Fronteira.
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Adorei essa capa! Nevermind 20 anos mais velho. |
Para começo de conversa, o livro não se trata de uma
biografia, Cross passa as 172 páginas, tentando respondeu uma questão que lhe
foi feita 20 anos antes: “Por que Kurt Cobain era importante?”. Em seis
capítulos, cada um abordando uma temática, o autor explica a influência que
Kurt teve nos seguintes aspectos: no cenário musical, no grunge e na cultura,
no estilo e moda, em Seattle, no olhar dado as drogas e ao suicídio e por fim na vida de cada um.
“Como ser humano, Kurt muitas vezes
demonstrou falta de bom senso e tomou decisões que magoaram muitas pessoas que
se importavam com ele, sendo seu suicídio o exemplo mais óbvio. No entanto,
mesmo seus demônios tiveram impacto sobre a cultura nas últimas duas décadas
[...]”
O autor exemplifica a popularidade do Nirvana entre os
adolescentes quase como um rito de passagem, assim como a leitura de O apanhador no campo de centeio (J.D.
Salinger), pela maneira sincera em
que transmite as angústias, a sensação e busca por liberdade, além do mundo cheio
de possibilidades que se tem. A popularidade do jeans desbotado, da camisa de flanela e do All Stars “sujo”, também é um reflexo da busca do adolescente pelo antifashion, proporcionado pelo visual grunge, que foi difundido e associado com o sucesso do
Nirvana.
“...nunca na história da moda se gastou
tanto dinheiro na criação de um visual tão comum.”
Para que seja entendido o porque que o Nirvana,
especialmente com o lançamento do álbum Nevermind, causou tanto impacto, deve-se entender que na década de 80 inicio da de 90 o
cenário musical estava voltado para baladinhas suaves, um rock leve, o rock mainstream, além do inicio da ascensão
do hip hop, que teve seu embalo
cortado com o boom que foi o Nirvana.
E pelas diversas bandas que tiveram portas abertas com o sucesso de Nevermind, mas que foram consagradas por
méritos da sua qualidade musical.
“Embora almejasse loucamente o
estrelato, ele não queria que transparecesse. Essa foi a origem da rixa de Kurt
com o Pearl Jam: segundo ele, a banda pecava por desejar o sucesso de maneira
muito evidente”
Uma narrativa simples e direta, sem aquelas mil delongas
que muitas vezes se tem em livros cujo autor é jornalista e o assunto é grandes
personalidades. Sendo que, por mim, a
maior façanha de Kurt Cobain: A
construção do mito está no retrato sem idealizações, puxa-saquismos ou
extremismos, ou seja, é apenas um conjunto de curiosidades sobre a vida do guitarrista e seu legado cultural.