“Eu estava viva, mas teria que reaprender a viver e a
encontrar meu lugar em um mundo que muitas vezes não queria saber dos horrores
que eu tinha presenciado”
Acho que um dos assuntos que mais
desperta o interesse dos públicos mais diversificados, é a Segunda Guerra
Mundial. As atrocidades que ocorrerem naquela época são assunto que
impressionam cada vez mais, com novos relatos e novas descobertas, só causa espanto
e embasbaques.
“Como iríamos descobrir, o final da Guerra não foi o fim do preconceito. Longe disso”
O livro “Depois de Auschwitz – O emocionante relato da irmã
de Anne Frank que sobreviveu ao Holocausto”(After
Auschwitz – A Story of Heartbreak and Survival by the Stepsister of Anne Frank) foi publicado em 2013 pela Editora Universo dos Livros, com 301 páginas.
O livro é a autobiografia de Eva Schloss uma judia
sobrevivente ao Holocausto. Sua narrativa relata o antes, o durante e o
depois da Guerra, de uma família, uma
cultura, de nações e de uma menina. Que de inicio pouco entendeu porque não era
mais convidada para os aniversários dos colegas, vivia com ambições comuns de
qualquer garota de sua idade. Mas que em
seguida sofreu com a separação de sua família e teve seus sonhos adaptados para
sua nova realidade, como com o tão esperado reencontro com seu pai e irmão. Mas o livro se trata principalmente de como aos
poucos a Guerra e o horror desmantelaram
uma à uma esperanças e sua fé na humanidade.
“De repente os agradáveis amigos de infância se foram. Perguntava-me agora quem eram essas novas pessoas. Os comerciantes simples, condutores de bonde e supervisores de obras que imaginei conhecer, estavam agora fazendo os judeus ajoelharem a seus pés”
É uma obra muito tocante, escrita de maneira simplista e
sincera, os percalços de uma família desmembrada. Eva me fez ter novas
percepções sobre o quão grande foi o impacto da Guerra e como os mais diversos
setores foram impactados, como foi o ambíguo comércio de abrigos para judeus ou de judeus
para nazistas. Como que o anti-semitismo não foi uma conseqüência da insanidade
de Hitler, mas sim de uma nação devastada.
Aos olhos de um estudioso o holocausto já é de fazer
qualquer um desacreditar no amor ao próximo, aos olhos de uma vítima é de
acabar com as esperanças da bondade e compaixão da humanidade. Sendo um livro
pesado, que nos comove e indigna com o tratamento dado para seres humanos POR SERER HUMANOS!
“... Fui levada para uma sala enorme com tubulações e chuveiros. Quando a porta foi fechada, todas nós começamos a tremer. Meu coração batia disparado, enquanto eu me perguntava se aquilo era mesmo um chuveiro.”
O livro é maravilhoso, mas antes de qualquer outra letra,
ponto ou vírgula EVA NÃO É NEM NUNCA VAI SER A IRMÃ DA ANNE! Anne Frank – digo
melhor seu diário - foi um grande marco
para a divulgação dos crimes hediondos desse período, contudo Anne teve uma
única irmã, Margot, que morreu nos campos de concentração. Eva conheceu sim
Anne, sua mãe no pós-guerra se aproximou de Otto Frank, pai de Anne, se
reerguendo juntos e posteriormente casando, mas jamais conviveu os demais Frank
como uma família.. afinal na época eram duas famílias inteiras e felizes...
Tudo bem que pela
fama do “Diário de Anne Frank”, a menção de ser uma bibliografia da irmã de
Anne é uma bela jogada de marketing – ou um erro grotesco de tradução, pois Stepsister é como chamamos “Irmã de
criação”, quando pais separados casam e ambos tem filhas de outros casamentos- ,
contudo o livro é incrível e poderia vir a ser um sucesso apenas por seus
próprios méritos.
“Minhas experiências revelaram que as pessoas têm uma capacidade única para crueldade, brutalidade e completa indiferença aos sentimentos humanos.”